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Foto do escritorRafael de Toledo

Pontos convergentes

O diagnóstico da síndrome de burnout pode ser dificultado pelos traços que a doença apresenta em comum com a depressão


TEXTO E ENTREVISTAS RAFAEL DE TOLEDO/COLABORADOR DESIGN VANESSA SUEISHI


Exaustão, desânimo e dificuldades de concentração são sintomas reconhecidos em pessoas que apresentam depressão. Contudo, atualmente, o olhar sobre esses mesmos sinais deve estar atento à sua verdadeira origem. Isso porque o burnout pode se apresentar com esses mesmos contornos, prejudicando até mesmo o diagnóstico do distúrbio causado pelo estresse intenso no âmbito profissional.


É depressão ou não?

Muitos indícios demonstram que a síndrome pode estar associada a um processo depressivo. A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) não caracteriza o quadro causado pelo estresse em excesso. Já a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) apresenta o transtorno no código Z73.0, o qual indica esgotamento. Somadas a esses registros, há discordâncias entre especialistas sobre a associação entre as duas doenças.


Uma das principais profissionais no estudo da síndrome de burnout é Christina Maslach, psicóloga e professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos. Como criadora do principal parâmetro dos sintomas desse transtorno – o Maslach Burnout Inventory (MBI) –, a especialista discorda de a que depressão e o distúrbio causado pelo estresse tenham a mesma origem e manifestação. Tal indício é justificado pela análise feita por meio dos três pilares apresentados em um caso de burnout, concluídos pela análise da PhD norte-americana: a síndrome tem como base o cinismo, a ineficácia e a exaustão.


Segundo a psicóloga Ana Maria Rossi, um dos sinais que distinguem os distúrbios, que ainda hoje demonstram o potencial de confusão, é de que o burnout ocorre apenas com a interferência do ambiente de trabalho. Ou seja, exceto em um grupo economicamente ativo, os sintomas da síndrome não têm ocorrência.


Outra característica pontuada pela psicóloga é a diferença em intensidade entre alguns traços. Mesmo notando agressividade em burnout, a despersonalização – tendência ao estranhamento da própria personalidade – pode conferir um estado de passividade, impedindo que a pessoa assuma uma posição violenta, diferentemente do comportamento percebido na depressão.


Outro lado

Uma investigação realizada por pesquisadores da City College of New York, nos Estados Unidos, e pela Universidade de Neuchâtel, na Suíça, analisou mais de 1300 profissionais na área da educação que possuíam cerca de 30 anos de experiência. Por meio de um teste, os entrevistados deveriam classificar os sintomas que sentiam dentro da depressão ou da síndrome de burnout.


Com o objetivo de constatar a relação entre os dois distúrbios da mente, os cientistas perceberam que 10% das professoras entrevistadas se identificavam com a síndrome de burnout. O mesmo número surgiu para aquelas que se viam em um quadro de depressão. Já 10% dos professores alegaram sentirem-se próximos de um quadro de depressão. No entanto, quando analisados em relação à síndrome de burnout, apenas 7% revelavam sentir semelhanças com os traços desse distúrbio. O resultado ainda é incerto para as universidades, e as pesquisas continuarão até uma conclusão mais concreta.


Mesmo assim, em todos os casos, é necessário que o indivíduo, acometido por sintomas semelhantes aos apresentados pelos dois distúrbios, seja orientado por um especialista. Só assim um diagnóstico mais preciso será realizado. Para uma reflexão sobre o tema, veja a seguir um teste que possibilita um panorama acerca dos sintomas de burnout.


CONSULTORIA Ana Maria Rossi, psicóloga PhD e presidente da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR).






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