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Foto do escritorRafael de Toledo

Não é apenas desejo

Atualizado: 22 de fev. de 2021

A compulsão sexual é marcada por consequências que podem afetar desde a vida profissional à amorosa. Entenda mais sobre esse comportamento


TEXTO E ENTREVISTAS RAFAEL DE TOLEDO/COLABORADOR DESIGN GUILHERME LAURENTE/COLABORADOR


Um dos papéis mais emblemáticos interpretados pelo ator irlandês Michael Fassbender foi na pele do executivo Brandon Sullivan, no filme Shame, de 2011, dirigido pelo diretor inglês Steve McQueen. Dois anos mais tarde, a atriz francesa Charlotte Gainsbourg interpretou Joe, nos filmes Ninfomaníaca volumes 1 e 2, dirigidos pelo dinamarquês Lars von Trier. Ambas as personagens apresentavam sintomas ocasionados pelo Impulso Sexual Excessivo (ISE), comportamento que acomete parte da população mundial, mas que, ainda hoje, tem seus efeitos desconhecidos pelo do grande público. Saiba mais sobre esse quadro e como ele afeta a vida do indivíduo dependente.


No dia a dia

Por ainda ser um assunto tabu, geralmente, o sexo ainda tem abordagem esquecida. No entanto, com o avanço das tecnologias, o gênero erótico povoa o imaginário coletivo por meio de vídeos, imagens e salas de bate-papo, facilmente encontrados na internet. No entanto, há casos que excedem os limites físicos e, por vezes, morais. É o que acontece com pessoas que apresentam Impulso Sexual Excessivo (ISE). Para abrandar as sensações obtidas com compulsão, esses indivíduos se voltam aos seus estímulos, prejudicando a realização de obrigações e compromissos rotineiros.

Segundo a psicóloga Bruna Messina, “o indivíduo impulsivo sexual passa a negligenciar seus círculos sociais, relacionamentos familiares, amorosos, sociais e profissionais em detrimento da busca do comportamento sexual disfuncional”.

Na tentativa de saciar as sensações características da compulsão, a pornografia unida à masturbação são fatores que interferem na vida do sujeito como medida para atenuação da ansiedade gerada pelo comportamento. Independentemente do local ou do momento no qual é manifestado o desejo, o sujeito que apresenta impulsividade sexual tentará se abster de suas tarefas para então buscar a satisfação.


Manifestação

O estágio inicial é caracterizado pela frequente inserção de fantasias sexuais na rotina. Esse quadro, a longo prazo, pode gerar transtornos de personalidade, além de desenvolver irritabilidade na busca progressiva por níveis de prazer.

O avanço da compulsão também é caracterizado pela perda de controle em relação ao comportamento, ocasionando ao indivíduo sentimentos de culpa e remorso. Por outro lado, um ponto levantado pela sexóloga Lelah Monteiro é a frustração gerada pela falta da prática sexual. “As consequências podem levar o indivíduo a vícios paralelos, como álcool e outras substâncias químicas. Além disso, muitos passam a se mutilar por não conseguirem exercer a frequência que gostariam na atividade”, encerra a profissional.


Prevalência e auxílio

Em análises sobre a compulsão sexual, o gênero surge como fator. Segundo Lelah, “o que é mais observado em pesquisas é a predominância do vício em homens”. No entanto, complementa Bruna, “a notificação de casos do gênero feminino ocorre devido a um possível constrangimento ou preconceito que as mulheres sofrem ao procurar tratamento”. Tal informação acaba justificando a predominância masculina nos estudos sobre Impulso Sexual Excessivo (ISE), de acordo com pesquisas voltadas ao assunto.

A intervenção costuma ser realizada com a ajuda de um profissional. Nesse caso, a Terapia Cognitiva-Comportamental (saiba mais sobre psicoterapias na página 16) se apresenta como uma das formas de tratamento. E, em alguns casos, o uso de antidepressivos é inserido no contexto preventivo a fim de diminuir os efeitos causados pela libido, permitindo moderação do impulso sexual.

Outra medida para atenuação dos efeitos do comportamento é a participação em grupos de apoio, como o Dependentes de Amor e Sexo Anônimos – DASA. No entanto, devido à dificuldade de se exporem, indivíduos que apresentam a ISE podem suprimir os sintomas.

Portanto, cabe também a familiares e amigos indicarem medidas terapêuticas e coletivas que abordem a problemática. Desse modo, a pessoa será capaz de perceber as consequências de seus excessos e entender que o hábito pode ser prejudicial aos vínculos que possui.


CONSULTORIAS Bruna Messina, psicóloga e membro Ambulatório de Impulso Sexual Excessivo e de Prevenção aos Desfechos Negativos associados ao Comportamento Sexual (AISEP), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo; Lelah Monteiro, sexóloga e psicanalista.













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