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Foto do escritorRafael de Toledo

Inofensiva até certo ponto

Atualizado: 22 de fev. de 2021

A inteligência artificial veio com a promessa de servir como ajudante na vida humana, mas já apresenta aspectos que comprometem seu papel inicial



TEXTO RAFAEL DE TOLEDO/ COLABORADOR ENTREVISTAS GIOVANE ROCHA E RAFAEL DE TOLEDO/ COLABORADOR



No ano de 2019, uma sociedade marcada pelos males da tecnologia, como a poluição e a superpopulação, deve lidar com a ameaça de replicantes, grupo de seres clonados a partir de humanos que revelam um comportamento transgressor em relação à comunidade. O trecho acima representa a realidade criada em Blade

Runner, longa-metragem da década de 1980.


A inteligência artificial e os perigos que permeiam o avanço tecnológico são dois dos pontos discutidos pela narrativa. Isso porque a realidade observada hoje em dia apresenta traços em comum com essa obra distópica. Veja a seguir como a ascensão da tecnologia também apresentou pontos negativos, por vezes, não previstos em estudos científicos.


Casos negativos

A Microsoft, empresa estadunidense reconhecida no mercado tecnológico, esteve envolvida em uma situação que ficou categorizada como uma das falhas já percebidas no sistema de inteligências artificiais. A corporação criou um chatbot – serviço utilizado para interação automática em aplicativos de mensagens – capaz de disseminar ideias que indicavam tendências políticas e, até mesmo, comentários antiéticos sobre líderes que marcaram a história da política, como o estadunidense Barack Obama. Após um dia do ocorrido, a máquina foi desligada pela empresa.

Além desse caso, outras formas de desvios cometidos pelas inteligências artificiais ficaram conhecidas. Um exemplo foi o acidente fatal ocasionado por um carro autônomo da empresa norte-americana Uber, que atropelou uma ciclista, nos Estados Unidos.

Heloísa Camargo, professora associada ao departamento de computação da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, pondera que deve haver um cuidado no uso das novas tecnologias. “Assim como em outros momentos de avanços significativos impactantes para a sociedade, os maus usos da tecnologia avançada podem surpreender. Por isso, esses progressos devem ser acompanhados da preocupação com questões éticas”, afirma a profissional.

Devido à relação dos erros e as preocupações com os recuos ou fracassos da inteligência artificial, a atenção da ciência volta-se também ao aprimoramento dessa tecnologia.

A docente revela que “muitos pesquisadores e pensadores, como o filósofo sueco Nick Bostrom, afirmam que a ameaça é real no sentido de que já é possível prever quando os computadores ficarão mais inteligentes que os humano” – graças à capacidade de autoaprimoramento dessas máquinas. No entanto, Heloísa salienta que ainda haverá algumas décadas para esse fato se concretizar.


Seremos substituídos por robôs?

Pesquisas revelam que um dos impactos do uso da inteligência artificial será no setor econômico, principalmente, empregatício. Segundo o especialista em tecnologia Cezar Taurion, “estudos mostram que 45% das atuais atividades executadas por funcionários podem ser automatizadas. Os resultados apontam ainda que, embora apenas 5% das funções possam ser inteiramente substituídas por tecnologia atual, 60% delas podem ter 30% ou mais de suas técnicas computadorizadas”.

Além desse setor, a comunicação e o arquivamento de dados pessoais são dois dos ramos que exigem a atenção da sociedade diante do avanço da IA. “Enquanto a inteligência artificial pode ajudar a detectar ameaças a informações, como invasões em redes de computadores e clonagem de cartões de crédito, do outro lado, pode favorecer a exposição de informações”, exemplifica Heloísa.

A medicina também é um dos pontos que se desdobra ao passar pela implementação de novas tecnologias. Enquanto o debate acirra-se sobre a confiabilidade do uso de inteligência artificial no setor, especialistas atentam-se aos benefícios dessas ferramentas, as quais se configurariam como auxiliares. “Eu não vejo um ponto antiético de se utilizar a inteligência artificial na medicina. Ainda vejo o médico participando de tudo isso, desde o momento em que se colocam as informações no computador para se realizar as evoluções e pesquisas”, como revela o cirurgião plástico Marco Faria Correia.

A inquietação sobre assunto gera diálogos que têm como temáticas centrais a criação de regulamentos e fiscalizações sobre a aplicação de inteligências artificiais e os trâmites éticos para que o assunto se encaminha. A construção de uma associação que se faça presente na análise do uso dessas ferramentas é um dos pontos que cercam os lados negativos da IA. Segundo Heloísa, “um órgão regulador deve ser composto por todos os agentes da sociedade, como universidades, empresas, governo e associações”. Mas, a profissional demonstra que “as preocupações éticas devem partir dos agentes diretamente ligados ao desenvolvimento dessas tecnologias, como pesquisadores e empresas”.



CONSULTORIAS Cezar Taurion, presidente do Instituto de Inteligência Artificial Aplicada (i2a2) e palestrante sobre I.A. no evento Inteligência em Negócios na Era Digital; Heloísa de Arruda Camargo, professora associada ao departamento de computação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Marco Faria Correa, médico cirurgião plástico e pioneiro mundial no uso de robótica em cirurgia plástica do abdômen e em videocirurgia plástica.













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