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Foto do escritorRafael de Toledo

Fracasso, para que te quero?

A falta de sucesso se configura como um dos maiores medos do ser humano, que ainda não assimilou os frutos desse fenômeno


TEXTO E ENTREVISTA RAFAEL DE TOLEDO/COLABORADOR DESIGN GUILHERME LAURENTE/COLABORADOR


No longa-metragem norte-americano Frances Ha, estrelado pela atriz Greta Grewig, o fracasso é tema recorrente. Isso porque a protagonista Frances Halladay se encontra em uma situação na qual o emprego, as relações pessoais e o envolvimento amoroso parecem inatingíveis. A situação só se intensifica a cada escolha que realiza. No entanto, a derrota, ao longo da narrativa, passa a ser compreendida como mais um fenômeno natural.


Debate acerca do fracasso

Segundo neuropsicólogo Thiago Gomes, a definição de fracasso ainda se encontra nebulosa. “Sob o ponto de vista psicológico, o fracasso é bastante subjetivo: trata-se de um rótulo, uma avaliação negativa, que sustenta pensamentos negativos sobre si; de um sentimento de expectativa não atingida”, justifica o profissional.

Para cada situação de fracasso, um fator é debatido. Por vezes, é a situação amorosa, profissional, acadêmica ou familiar que contribuirá com a mudança de comportamento do indivíduo. Lidar com a derrota requer um passo a passo para atenuação da rotina. Seu início é possibilitado com a compreensão daquilo que o fracasso representa. Assim como enfatiza Thiago: “trata-se de uma experiência de julgamento muito individual”.

Por vezes, o fracasso pode abater indivíduos na busca pelo êxito. Isso porque, devido às pressões que tangenciam o caminho para o sucesso, o sujeito pode acabar sucumbindo ao desgaste causado pelas interferências. Nesse momento, a primeira ação costuma ser o refúgio na angústia em que estamos inseridos, assim como demonstra o filósofo alemão Martin Heidegger, por meio da máxima apresentada na obra Ser e tempo: “estamos suspensos em nossa angústia”. Contudo, o caminho pode ser menos tortuoso do que se imagina.


Autossabotagem freudiana

O psicanalista austríaco Sigmund Freud, em um texto chamado Os arruinados pelo êxito, de 1916, comenta que o sistema psíquico boicota algumas etapas em direção ao sucesso e, como consequência, mune-se do fracasso como forma de aliviar a angústia frente ao triunfo. A derrota, portanto, apresenta-se em ações diárias como forma de manter o indivíduo no aconchego daquilo que é certeza para o mesmo: o fracasso em suas ações. Esse ato de se autossabotar foi reportado por Freud em mais de um caso. Em dos mais famosos, ele menciona que sua paciente, ao chegar em um período próximo ao seu casamento, do qual havia antecedentes positivos demonstrados durante o noivado, abstém-se de todos os benefícios da relação, somatizando as pressões que sentia dentro do contexto social no qual vivia.


BOX: Exercícios para superação


Muitos são os sintomas decorrentes da proximidade do fracasso. “Sustentar crenças negativas acerca da derrota fortalece os comportamentos menos favoráveis aos processos de superação”, enfatiza Thiago Gomes. Para isso, alguns exercícios podem ser realizados a fim de atenuar o árduo percurso até a conclusão do êxito:

1- A importância da autocompaixão: segundo Thiago, por meio desse estímulo emocional, os sentimentos e os pensamentos negativos são encarados de forma clara, compreensiva e cuidada, juntamente com um sentido comum de partilha da experiência;

2- Sem personalização: o fracasso não pode ganhar forma e ser atribuído ao indivíduo que passa por ele ou àqueles que o cercam. Tal atitude impede o sujeito de reconhecer os fatores que desencadearam o processo, gerando o sentimento de culpa que o impede de perceber os feitos provindos do seu esforço;

3- Veja benefícios no fracasso: o aprendizado está intrínseco ao trajeto até o sucesso. A partir do fracasso, alguns pontos conflitantes com o real objetivo podem ser revistos e, consequentemente, não exercidos nas próximas tentativas.


CONSULTORIA Thiago Gomes, neuropsicólogo e docente na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).









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